Os pagãos chegam ao paraíso
Papa Bento XVI cria comissão de teólogos para
estudar o fim do limbo, a moradia das almas
não-batizadas
estudar o fim do limbo, a moradia das almas
não-batizadas
Editado por ENERSTO BERNARDES/Enviado por ELIZABETH
"TEÓLOGO Bento XVI já disse que a idéia do limbo deveria ser abandonada....!
Ao que tudo indica, uma das resoluções de Ano-Novo do papa Bento XVI é reduzir o número de degraus entre o céu e o inferno. Durante os mais de 20 anos em que atuou como presidente da Congregação pela Doutrina da Fé, o então cardeal Ratzinger aproveitou cada oportunidade para anunciar que o inferno não é somente uma metáfora, mas o endereço final de boa parte da humanidade (por exemplo, dos autores de experiências com embriões humanos). Ao coordenar a nova versão do Catecismo, ele reforçou também a idéia do paraíso e sua ante-sala, o purgatório, onde almas com pecados menores são purificadas antes de chegar à presença de Deus.No fim de dezembro, porém, o papa convocou uma comissão de 30 teólogos que deve abolir um dos andares do edifício celeste - o limbo. Na tradição católica, é ali que ficam as almas de crianças, bebês e fetos que morrem sem o batismo. E, por extensão, os homens de bem que viveram na Antiguidade, antes da vinda de Jesus. Para o público laico, discutir se fetos abortados vão para o céu ou para o limbo parece a versão teológica de uma discussão de botequim. Mas o debate afeta as relações com outras religiões e a atuação da Igreja nos países pobres.Por muito tempo o Vaticano pregou que os não-batizados iam para o inferno, e ponto. Era a posição de Santo Agostinho, no século IV. Mas pelo menos os bebês, concedia o santo, teriam como destino um círculo infernal com sofrimentos menores. A idéia do limbo foi sugerida na mesma época por São Gregório, o Teólogo, mas só passou a ser levada em conta no século XIII, por São Tomás de Aquino. Para ele, o limbo seria um lugar de 'felicidade natural', porém afastado da presença de Deus. A idéia nunca foi oficializada na doutrina da Igreja, mas em 1905 o papa Pio X afirmou textualmente que o limbo existia e as almas das crianças não-batizadas estavam lá. Escritores como Dante Alighieri, na Divina Comédia, já haviam sugerido que o lugar alojaria Sócrates, Platão e até muçulmanos como o filósofo Averróes e o sultão Saladino.Para os teólogos, no entanto, o conceito sempre foi problemático. Afinal, implica que algumas almas, independentemente de cometer qualquer pecado, não terão nenhuma chance de chegar ao paraíso. Um menino índio que nasce e morre na selva, sem jamais ouvir falar de Jesus, é um cidadão de segunda classe mesmo no além, porque na melhor das hipóteses chegará ao limbo. Em 1984, ainda cardeal, Ratzinger disse que a teoria era insatisfatória e deveria ser abandonada. O novo Catecismo exclui a palavra limbo e diz apenas que crianças não-batizadas são 'confiadas à misericórdia de Deus'. A comissão do Vaticano deve levar meses para concluir seus trabalhos, e ao que tudo indica dirá que o destino das pequenas almas é o paraíso.O ar folclórico da discussão esconde o efeito da teologia na prática. A Igreja, que hoje cresce principalmente na África e nas regiões pobres da Ásia, onde a mortalidade infantil é altíssima, poderá dizer aos fiéis que seus filhos que morreram sem batismo estão no céu - o que sem dúvida é melhor que as alternativas anteriores. A novidade também favorece o ecumenismo porque, sem o limbo, católicos e membros de outras religiões concorrem em pé de igualdade por vagas nos mesmos lugares - céu, inferno e purgatório (no Concílio Vaticano II, a Igreja admitiu que a salvação também pode ser alcançada pelos não-católicos). A única voz a defender o limbo, até agora, é o intelectual americano Harold Bloom. Em artigo no The New York Times, disse que havia marcado um encontro lá com um amigo, o falecido escritor Anthony Burgess - que prometera aguardar com uma garrafa de brandy Fundador.'' ESSA PARTE É ÓTIMA ;)
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